sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Problemas nos ouvidos são comuns no inverno e no verão

OBS: matéria publicada na revista Radar em 2009.

Otorrinolaringologia é a especialidade médica que trata de problemas relacionados ao ouvido, nariz, seios da face e garganta, por meio de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. Segundo a otorrino Danielle Kuhn, os problemas auditivos mais comuns são o excesso de cera e as infecções externas e internas. O termo médico utilizado para toda a infecção de ouvido é otite, que pode ocorrer no ouvido externo ou médio e pode ser aguda ou crônica. Em geral, estas infecções ocorrem em ciclos, sendo que no inverno é mais freqüente um tipo e no verão outro.

No inverno, são mais comuns as infecções dentro do ouvido, atrás do tímpano, enfermidade esta chamada pelos especialistas de otite média aguda. "Este tipo ocorre mais em crianças pequenas, porque ela ainda está desenvolvendo os anticorpos", complementa Danielle. A otite média tem uma relação direta com infecções de vias aéreas superiores, como gripes, resfriados, sinusite, entre outras, pois acaba trazendo a infecção do nariz, que tem uma ligação com o ouvido, desencadeando a otite média.

Já a chamada otite externa, tanto em crianças como adultos, ocorre mais no verão. Este problema auditivo se desenvolve em função da umidade e do calor. "No período de calor, as pessoas acabam tomando muitos banhos de piscina, rio e mar", explica Danielle. Fatores estes que contribuem para que apareça este tipo de infecção. A manipulação do ouvido pode ser outro fator desencadeante da otite externa. O excesso de cera raramente traz infecção, é mais uma suscetibilidade que a pessoa possui, que pode ser aumentada com a exposição a umidade e ao calor.

Alerta para dores, perdas auditivas e coceira no ouvido
Os principais sintomas que devem chamar a atenção das pessoas para que recorram a uma consulta médica são a coceira excessiva, a dor e a perda auditiva. O excesso de cera no ouvido, por exemplo, pode causar dificuldades na audição. "Nesses casos, normalmente, a pessoa reclama que trancou o ouvido e não consegue ouvir mais nada. Então, a cera pode trazer perda auditiva reversível condutiva, quando se tira a cera melhora", esclarece a otorrinolaringologista. Além disso, a pessoa pode sentir dor e coceira.

A otite externa, a infecção que ocorre mais no verão, causa uma dor intensa, inchaço, vermelhidão do canal e pode até mesmo ocorrer vazamento de pus no ouvido. A otite média aguda, que é mais freqüente em crianças, origina dor e perda auditiva, com uma maior tendência de apresentar febre também. Danielle alerta que esta enfermidade do ouvido deve ser tratada logo. Para cada problema específico, existe um tipo de tratamento que deve ser recomendado pelo especialista.

Precauções necessárias
Como ocorre com maior freqüência em crianças pequenas, a otite média pode ser evitada com cuidados em algumas atitudes do dia-a-dia, como fazer com que a criança tome mamadeira sentada ou com a cabeça elevada. "Manter o nariz permeável, quando tranca o nariz com catarro, por causa da gripe, utilizando um sorinho para limpar também", complementa Danielle. Essas são duas formas práticas de evitar tranquilamente a otite. Em alguns casos, a doença tem um caráter familiar, a pessoa possui uma suscetibilidade para desenvolver a infecção. Desta forma, não existe muitos cuidados que possam ser realizados.

Influência na audição
Uma das únicas influências diretas com a perda de audição de forma permanente é quando ocorrem as infecções do ouvido médio. "Como se acumula pus atrás do tímpano, atrapalha a audição. É como ouvir embaixo da água ou colocar um chumaço de algodão no ouvido", esclareceu a otorrino. Danielle ainda enfatiza que quando a infecção atrapalha a audição, isso pode acarretar problemas no desenvolvimento da via auditiva do cérebro central. Ocorrendo esta complicação, as conseqüências podem ser mais graves.

Porém, ela ressalta que é muito difícil ocorrer estas complicações, que trazem a perda auditiva de forma permanente. "O que pode acontecer, é quando a criança tem infecções muito freqüentes de ouvido e são tratadas de forma inadequada. Com isso, pode ocasionar um furo no tímpano e trazer cicatrizes nesta zona, que ocasionam essa perda auditiva", pontuou Danielle. Atualmente, com a disposição de pediatras, antibióticos e informação, as pessoas procuram mais o tratamento, então é mais difícil que ocorram essas seqüelas.
Medicamentos caseiros
O único remédio caseiro com indicação médica é o soro fisiológico feito em casa, que é a solução de Parsons. A medicação é preparada com 250 ml de água fervida (ou mineral) com uma colher de chá de sal, e uma colher de chá de bicarbonato de sódio. "Os outros métodos que comumente as pessoas usam, nenhum deles resolve. Eles podem acabar prejudicando", ressalta a especialista. A utilização de tratamentos, que não foram indicados por médicos, pode perpetuar os problemas, ocasionando as conseqüências mais graves.

A otorrino ainda lembra que não se deve colocar nada no ouvido para realizar a limpeza, nem mesmo os cotonetes. "O cotonete pode empurrar a cera mais para dentro do ouvido. Além de perder a audição de forma transitória, por causa da cera compactada ali, pode causar dor", ressaltou a otorrino. A limpeza pode ser realizada pelos especialistas, pediatras e clínicos que estão habilitados. Ou mesmo, o próprio canal do ouvido expele para fora a cera, que deve ser removida apenas com um pano em volta do dedo.

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