sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Cirúrgia plástica: cuidados na escolha do profissional

OBS: matéria publicada na revista Radar em 2009.

A cirurgia plástica é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira. Para tanto, existe uma série de pré-requisitos para poder exercer esta atividade profissional. No caso do cirurgião plástico Sandro Marques, foram seis anos de formação na Universidade Federal de Pelotas, dois anos de residência em cirurgia geral e mais três anos de residência em cirurgia plástica.

Todas essas residências médicas são credenciadas no Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de Medicina. “Existe a fiscalização, os pré-requisitos para a entrada e para a conclusão do curso. Além disso, após fazer a residência, existe uma seleção com prova oral e escrita e análise de currículo, para ser aceito na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica”, explicou o cirurgião plástico Sandro Marques. Já no caso da medicina estética, os parâmetros são totalmente diferentes.

Pois, a medicina estética é um curso, não tem o mesmo valor e nem a mesma configuração de uma residência médica. “Qualquer médico pode fazer um curso destes sobre medicina estética. A cirurgia plástica é a residência oficial”, enfatizou Sandro. Então, existe uma ampla diferença entre as duas especialidades. Os cursos de medicina estética possuem a duração de cerca de seis semanas, em que são abordados alguns aspectos da cirurgia plástica e da dermatologia.

“Temos que lembrar que a cirurgia plástica é medicina, e medicina é ciência. Muitas vezes, as pessoas acabam esquecendo disso. Tudo o que os cirurgiões plásticos aplicam, precisou ser pesquisado cientificamente, com trabalhos sérios e uma acompanhamento a longo prazo. Com técnicas confiáveis para a cirurgia, os cortes, a cicatrização, anestesia, complicações, tratamentos, etc. Enfim, uma série de coisas como qualquer área médica”, ponderou Marques.

As pessoas não devem banalizar a cirurgia plástica como se fossem realizar um tratamento estético qualquer. “Os interessados em realizar uma cirurgia estética têm que ter o cuidado em procurar um profissional adequado, pelo qual seja bem assessorado e que tenha habilidade, tanto aplicar a melhor técnica possível como também tratar possíveis complicações, que qualquer procedimento médico pode acarretar”, expôs Sandro. Pois, em nenhum momento o paciente pode ficar desprotegido.

A cirurgia plástica tem a sua regulamentação, processo pelo qual todos os interessados em atuar na área da cirurgia plástica devem passar. “Ninguém está livre de erros, mas o quanto mais esse profissional estiver qualificado, melhor treinado, a chance de ocorrer problemas são muito menores”, salientou o cirurgião. O órgão que regulamenta a atividade médica realiza as revisões das normas, da conduta, para que todos os procedimentos sejam o mais seguro possível, como também o resultado.

A procura por um profissional
Da mesma forma que as pessoas buscam referências dos profissionais das mais diversas áreas, dos quais vai utilizar os serviços, é importante possuir informações do médico cirurgião plástico com o qual irá realizar algum procedimento cirúrgico. Essas referências podem ser obtidas através de pacientes que já realizaram cirurgia com o profissional. “Ver como foi o atendimento, a atenção, o cuidado com esse paciente”, aconselhou Sandro Marques.

Já as informações oficiais podem ser obtidas facilmente, por meio da Internet no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (www.cirurgiaplastica.org.br). “É importante que o paciente, ao escolher seu profissional, levar em consideração a sua formação, habilitação técnica e legal”, orientou Sandro. Neste portal virtual consta se o médico é credenciado na sociedade, se está habilitado a fazer a cirurgia e até mesmo o endereço do consultório.

Alcançadas essas informações por parte do paciente, um segundo passo é procurar o médico e ter uma conversa franca. “Mostrar suas vontades, o que você quer com a cirurgia plástica, o que gostaria que mudasse”, salientou Sandro Marques. Pois, quanto mais médico e o paciente se entenderem, o resultado final do procedimento será melhor.

Na realidade, esta deve ser a preocupação de qualquer pessoa quando vai procurar qualquer profissional. Existe o Conselho Nacional de Medicina e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Buscar a verdadeira necessidade
Segundo o cirurgião plástico Sandro, a primeira etapa para a realização de um procedimento é uma boa consulta. “Neste momento, além dos aspectos físicos do paciente, o médico avalia as necessidades. Como também estabelece uma relação com o paciente”, explicou ele. Esta relação de empatia é importante, pois o trabalho depende da técnica do médico, mas também da colaboração do paciente. “Se o paciente não faz um bom cuidado pós-operatório e não segue as orientações, o resultado final não vai ser bom”, ressaltou Sandro. Por isso, a relação de confiança entre os dois é fundamental para o bom andamento do trabalho.

Cada pessoa tem uma necessidade específica, por isso o tratamento sugerido é individualizado. “Não existe receita de bolo. Para cada pessoa há uma indicação. Por isso, que não dá para dizer que utilizo os mesmos procedimentos para realizar todas as cirurgias”, ponderou o cirurgião. Existe uma adaptação particular, pois cada um tem um formato de corpo, de costela, de seio, etc.

“A minha filosofia é que fique harmônico no corpo, bonito e natural. Não gosto de procedimentos que terminem em coisas artificiais, que as pessoas olhem e vejam que existe uma prótese, ou que o nariz foi alterado, o rosto está puxado demais, etc. Tem que ser algo que fique bem na pessoa. Para que os outros vejam que a paciente está diferente, mais bonita, mas não saibam o que foi feito”, esclareceu Sandro.

Em alguns casos, o indivíduo que procura a cirurgia plástica possui alguma alteração na imagem corporal, enxerga coisas que os demais não vêem. “Por isso, a avaliação deve ser detalhada e minuciosa. Muitas vezes, os pacientes colocam a cirurgia plástica como a solução para os seus problemas e ela não resolve as questões pessoais. Melhora apenas a parte física”, destacou o médico. O cirurgião deve ter também esta intuição para entender o paciente e sentir exatamente o que ele precisa da cirurgia plástica.

“Às vezes, o paciente chega na clínica achando que o cirurgião vai fazer algo impossível. Temos que trabalhar dentro da realidade de cada corpo, de cada idade, elasticidade de pele, etc. Nem sempre podemos chegar ao resultado que a pessoa imagina, a cirurgia plástica tem suas limitações”, completou o cirurgião.

Intervenções mais procuradas
As cirurgias estéticas mais solicitadas, segundo Sandro, variam conforme a idade da paciente. Por exemplo, na infância são muito requisitadas as correções do nariz e orelha. A partir dos 18 anos, a prótese de mama é uma das intervenções mais comuns. Mania que entre as artistas, o aumento do volume dos seios tem levado milhares de mulheres em todo o país para as clínicas de cirurgia plástica.

Depois dos 20 anos, as pacientes procuram muito a lipoaspiração. Técnica utilizada para retirar o excesso de gordura, através de um sistema de aspiração à vácuo, que modelam o corpo através de incisões mínimas. Após os 30, momento em que muitas mulheres já tiveram filhos, as cirurgias plásticas mais procuradas são a lipoaspiração no abdômen, reparações na barriga e prótese de mama.

Com o objetivo de diminuir as marcas da idade, depois dos 45 anos, entram também na lista as cirurgias reparatórias nas pálpebras, de rejuvenescimento facial e corporal.

Procedimentos mais acessíveis
Houve um tempo em que realizar uma cirurgia plástica, por estática ou por necessidade, era uma realidade disponível para poucos. Atualmente já não é mais assim, os preços já não são mais tão altos como antes. O sonho de muitas mulheres melhorarem uma parte do corpo com a qual não estão totalmente satisfeita está mais acessível.

Para o médico cirurgião plástico isso se deve também à utilização de técnicas mais seguras. “Que possibilitam uma recuperação mais rápida, com menos transtornos e cicatrizes para a paciente. Antigamente a cirurgia plástica era para poucas pessoas, com muito poder aquisitivo”, avaliou Marques. A mudança pode ser sentida no consultório, segundo ele, com a procura por pacientes de classe média.

No ponto de vista de Sandro, essa acessibilidade é positiva. “Todo mundo tem direito a se sentir bem com o corpo, feliz, segura, como também melhorar a auto-estima”, enfatizou. Para ele, o mais importante não é buscar um padrão de beleza, pois cada pessoa tem a sua característica física e sua própria identidade corporal. “Não se deve buscar a perfeição, mas se sentir bem com o corpo”, acrescentou o médico.

Muitas pessoas se sentem desconfortáveis ao colocarem determinada roupa, ao vestir um biquíni, por não terem um seio muito firme ou a barriga estar muito flácida. Ao mexer nestas partes do corpo que causam essa insatisfação, acabam alterando também a auto-estima. A mulher passa a se sentir melhor, se vestir melhor e acaba ficando mais segura.

“Essas são modificações visíveis. Passado dois à três meses da operação, a paciente vem com roupa diferente, cabelo diferente, se sentindo muito mais segura, mais feliz. Até a relação com o marido, com os filhos, no trabalho, com os amigos, melhora”, expôs o cirurgião plástico.

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