quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ronco pode indicar problemas de saúde

OBS: matéria publicada no caderno Inclusive do jornal Folha Popular em 2010.

Ouvir as pessoas roncarem tem se tornado cada vez mais comum. Quem nunca ouviu alguém roncar? Com certeza, o número de pessoas que respondem sim a esta pergunta é grande. Segundo especialistas, o ronco afeta praticamente 50% da população masculina e 30% da feminina no país. Talvez, o grande problema não seja o barulho, mas o indicativo de que a pessoa está com problemas de saúde.

Conforme explica o otorrinolaringologista, Alexandre Gomes, que atende no centro clínico em Teutônia, o ronco em si não é uma doença, mas a manifestação de uma enfermidade. "O fluxo normal do ar pelo nosso organismo começa pelo nariz e chega até o pulmão, passando pelas vias aéreas. Quando existe uma obstrução neste percurso e esta via aérea é tampada em algum ponto, pode ocorrer o ronco", explicou o médico. Assim, como o ar passa de modo errado, as estruturas da garganta tremem provocando o conhecido barulho de muitos durante a noite.

São vários os motivos que podem levar a pessoa a roncar, entre eles está o desvio de septo nasal. "O nariz possui duas passagens de ar, se a cartilagem que divide elas é torta, vai obstruir um dos lados. Então, o ar não vai passar como deveria", complementou Alexandre. Ele também aponta como causa do ronco as amígdalas grandes, que da mesma forma podem dificultar a passagem de ar na garganta antes de chegar aos pulmões.

O ganho de peso também é um fator que pode causar o ronco. Segundo Alexandre, a circunferência da garganta aumenta com o ganho de peso tanto na parte externa, quanto na interna. Consequentemente, diminuindo a passagem de ar. Desta forma, qualquer coisa que impeça o ar de seguir o percurso normal pelo nariz, garganta, pescoço e pulmão, vai provocar esta doença de obstrução das vias aéreas.

Progressão da doença
Como foi explicado, o ruído provocado pela obstrução do ar em algum ponto das vias aeres indica algum problema de saúde. A maior ou menor intensidade do ronco não quer dizer muita coisa e isto nem é avaliado pelos especialistas, mas sim a progressão da doença.

O menor grau da doença é o ronco e o maior acontece quando a pessoa tem apnéia, ou seja, para de respirar enquanto está dormindo. "A intensidade vai sendo determinada à medida que apnéia vai ocorrendo mais vezes. As vezes, nem ocorre mais o ronco, mas tem a apnéia", destacou o especialista. Sinal de que a doença está ficando mais grave.

Tratamento
Para realizar o tratamento, primeiro é necessário identificar em qual parte das vias aéreas está havendo um estreitamento. No caso de desvio de septo nasal, a solução é uma cirurgia de correção. Como também, se a pessoa possui amígdalas grandes, fazer a retirada delas. São boas soluções ainda para evitar o ronco, perder peso e evitar bebidas alcoólicas.

Nem sempre é possível resolver através de cirurgia, pois não se consegue identificar com precisão onde está a obstrução. "Quando a cirurgia não funciona é utilizado uma máscara para dormir, que injeta o ar, com isso a pessoa não tem mais apnéia e consegue dormir bem", contou Alexandre. Pode parecer que a máscara será incômoda para dormir, mas com certeza, será um alívio para quem tem apnéia.

O otorrinolaringolista também destaque que esta é considerada uma doença recente, por possuir cerca de 30 anos de estudos. "A ciência ainda não tem alguns pontos bem claros, como por exemplo, algumas coisas que fazem roncar mais, porque relaxam a musculatura de dentro do pescoço, como a bebida alcoólica e remédios faixa preta", ressaltou. Nestas situações, a não utilização destas substâncias evitaria o ronco.

Alguns casos são fáceis de resolver, mudando apenas a posição da cama. Dormir de lado favorece a respiração nasal, que é a correta. Quando a pessoa dorme de barriga para cima tende a abrir um pouco a boca, fazendo com que a mandíbula se desloque para baixo e para trás. Isso pressiona a faringe e a língua cai de lado e facilita a ocorrência do ronco. Caso a pessoa ronque mesmo dormindo de lado, deve procurar tratamento.

Consequências no dia-a-dia
Nas situações de agravamento da doença, o ronco pode causar interrupções na respiração, gerando quadros mais graves de sobrecarga cardiopulmonar, sonolência durante o dia, cansaço e irritabilidade frequente. "A consequência direta é a sonolência. Mas, existem riscos por causa do mau sono, como a queda na qualidade do trabalho e acidentes", enfatizou o médico. A sonolência diurna pode ser medida através da escala Epworth, que consiste em um questionário.

"Os roncos que ocorrem de forma mais esporádica não devem preocupar tanto. O preocupante é quando começa a ficar algo mais frequente. Geralmente, a própria pessoa não sabe, quem convive com ela é que vai dizer", apontou Alexandre.

O exame feito para isso é a polissonografia, na qual a pessoa dorme em uma sala e o computador registra e compara as diferentes variáveis biológicas durante o sono, auxiliando no diagnóstico e acompanhamento de inúmeras condições clínicas, como ronco, apnéia, outros distúrbios respiratórios, alterações dos movimentos durante o repouso e sonambulismo.

Nenhum comentário: