quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fisioterapia para tratar de problemas orgânicos

OBS: matéria publicada na revista Radar em 2009.

Durante a gravidez, como em outras fases da vida, a prática de alguma atividade física constitui um dos melhores caminhos para manter a forma, assim como, uma recuperação mais rápida após o parto. A prática de exercícios pode ainda aliviar na mulher alguns sintomas, como dores e desconfortos, que surgem com a gestação.

Alguns programas de exercícios vêm sendo utilizados por fisioterapeutas para levar até as futuras mamães um maior bem estar, durante esta fase importante da vida. Além de beneficiar as gestantes, fisioterapeutas como Sabrina Fritsch, especialista da área, também oferecem tratamentos para prevenir e tratar a incontinência urinária e as disfunções sexuais.

A opção por estes métodos, mais “naturalistas”, tem o intuito de conter os efeitos colaterais, que a maioria das medicações podem desencadear. Principalmente, nos casos de procedimentos cirúrgicos, que passa por uma anestesia, existe o perigo de uma infecção e todo o tempo de cicatrização. “Em cirurgias pélvicas ocorrem muitos problemas de cicatrização e de aderências internas, que podem gerar outros problemas”, ressaltou Sabrina.

Fisioterapia obstetrícia
O acompanhamento com o trabalho da fisioterapia obstétrica, segundo Sabrina, deve ser iniciado preferencialmente antes de a mulher engravidar, para que se possa atuar na prevenção. Durante os três primeiros meses de gestação, período que requer maior cuidado da gestante, não existe nenhum tipo de contra indicação. “É um atendimento especializado, neste caso não tem a necessidade de esperar, a gente já tem um preparo para trabalhar com essa mulher”, explicou a fisioterapeuta. Para cada etapa da gravidez existem exercícios próprios que são realizados com a gestante. Até mesmo, quando são atendidas gestações de risco possui um trabalho específico.

A especialista ressalta, em primeiro lugar, que a gestação é um evento natural da vida da mulher, não é uma doença. “Ela não precisa ser tratada como uma doente, mas deve receber alguns cuidados diferenciados para ter uma melhor qualidade de vida neste processo”, ponderou Sabrina. As alterações no corpo da mulher acontecem de forma muito rápida, em alguns meses passa por diversas transformações. Ocorrem alterações renais, endócrinas (produção de hormônios) e estes mexem também com o estado emocional, gastrointestinais, nas mamas, todo sistema cardiovascular e do sistema respiratório.

“Existem várias coisas que devemos entender que estão acontecendo no corpo, para poder acompanhando essa mulher. Desta forma, podemos dar uma percepção do corpo dela, o que está acontecendo e o que vai acontecer, para ela se preparar. Quanto mais informações sobre o que está acontecendo no nosso corpo, mais domínio vamos ter sobre ele. E, quando a gente domina alguma coisa, não sentimos medo, angústia, etc.”, explicou a fisioterapeuta.

Parto Normal e Cesária
Incentivadora do parto normal e do aleitamento materno, Sabrina salienta que a cesária tem uma grande importância, quando possui uma indicação. Mas, acredita que o nascimento do bebê deve ser através do parto normal (natural). “Vivemos em uma cultura que está totalmente voltada para a cesariana, porque escutamos histórias que a mãe sofreu, a avó sofreu, etc. Por isso, as mulheres passaram a ver a cesária como a solução dos problemas”, expôs. Na realidade, a cesariana não é um parto, mas sim um procedimento cirúrgico para partos. Conseqüentemente, são acarretados todos os riscos de uma anestesia, de uma infecção, entre outros problemas. O parto normal também possui alguns riscos, porém menores. Desta forma, a futura mamãe podendo fazer a opção entre os dois, o parto normal se torna mais seguro.
No Brasil, o índice aceitável para a realização de cesárias é 25%. Em países de primeiro mundo, são aceitáveis 12%. Segundo a fisioterapeuta, várias instituições da região possuem índices de cerca de 80% de realização de cesarianas.

Parto em casa
Um procedimento antigo, realizado quando ainda não existia o hábito de conceber os filhos em hospitais, o parto em casa está voltando a ser uma opção das gestantes. Este procedimento é indicado apenas para grávidas que possuem baixo risco, pois nos demais casos essa mãe e esse bebê necessitam de uma assistência maior. A fisioterapeuta esclarece que quando existe a possibilidade de realizar o parto em casa, o ambiente se torna muito mais seguro para ambos. “Qual seria o motivo de internar a mãe e o bebê, que não possuem nenhum tipo de doença, em um local contaminado de bactérias?”, indagou ela. Ela ainda acrescenta que as crianças não podem realizar visitas no hospital, mas podem nascer dentro de uma instituição hospitalar.

Desempenho Sexual
Os procedimentos e exercícios aplicados pela fisioterapeuta Sabrina, também são realizados na melhora das funções sexuais. Na mulher, as disfunções podem possuir diversas causas, a fisioterapia vai atuar nas causas orgânicas. Entre os problemas mais freqüentes estão: as dores no ato da relação sexual, a falta de prazer e de sensação.

As dores, por exemplo, podem ser causadas pela cicatriz do parto. Para isso, existem aparelhos e técnicas para trabalhar nesta cicatriz, da mesma forma que se trata uma cicatriz em qualquer outra parte do corpo. Podem ser causadas também por um problema psicológico, que gera uma tensão física e essa mulher desenvolve uma contratura muscular, como as que se tem no pescoço, porém na musculatura da vagina. “Quando a gente trabalha a musculatura vaginal, que a gente faz o reforço, despertamos uma área que estava adormecida e essa mulher passa a ter mais sensação durante a relação sexual”, enfatizou Sabrina.

Nas questões relativas as disfunções sexuais, são realizados exercícios no órgão sexual, para o fortalecimento muscular. “A gente faz os exercícios, porque é um músculo igual ao que a gente tem no braço, se a gente fizer exercícios vai fortalecer. Como a mulher sente por pressão, se tiver tudo mais fechadinho ela vai sentir mais”, esclareceu Sabrina.

Incontinência Urinária
Todos os exercícios que são aplicados para melhorar as disfunções sexuais, também são utilizados no problema de incontinência urinária. “Este é um problema comum, mas não é normal a pessoa possuir. Porém, a maioria das pessoas não dá muita importância, pois não é algo que vai gerar risco de vida”, pontuou a fisioterapeuta. Apesar disso, gera muitos problemas sociais, porque a pessoa acaba se isolando do convívio com a sociedade. O único caso em que pode surgir algum problema mais sério é se a pessoa retém urina, porque pode afetar o sistema superior, a parte renal.

O importante é que a mulher deve possuir um acompanhamento médico, pois existe a contra indicação para a realização da eletroterapia (método utilizado em alguns casos) se a paciente possuir algum tipo de câncer.

Homens
No momento, em que é tratada a parte masculina de disfunção sexual, é aconselhável ter o acompanhamento médico e a indicação para realizar o tratamento. No caso dos homens, para algumas causas de ejaculação precoce, existem algumas técnicas para retardar. Alguns exercícios que são feitos e orientações repassadas, a chamada terapia comportamental, para o homem praticar em casa. Existem também exercícios para a dificuldade de ereção. Outro problema do homem é a incontinência urinária, que não é comum no sexo masculino, já que eles não enfrentam as oscilações hormonais que as mulheres acabam sofrendo.

Todos os métodos são desenvolvidos até o momento que o paciente possa realizar os exercícios em casa, sem que seja necessário o acompanhamento da fisioterapeuta, tanto no caso das mulheres quanto no dos homens.

Nenhum comentário: