quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dietas da Moda trazem perigo para saúde

OBS: matéria publicada no caderno Inclusive da Folha Popular em 2010.

A nossa sociedade se preocupa demais com a aparência. Pelos padrões ditados, principalmente pela indústria da moda, as pessoas devem apresentar silhuetas esguias – altas e magras - e esbeltas. Para isso, o que não faltam são dietas para satisfazer a necessidade de um público cada vez mais afoito em perder uns quilinhos.

A cada troca de estação surge uma dieta nova, que tem como principal atrativo a promessa de reduzir o peso de forma rápida, como a dos carboidratos, da banana, da água, dos pontos, do limão, do tipo sanguíneo, do chá verde, dos shakes, entre outras.

Apesar de apresentarem resultados imediatos, a saúde também pode se perder com os quilinhos a mais, que podem voltar em pouco tempo. As dietas que se focam em apenas um tipo de alimento, acabam provocando a falta de outros nutrientes necessários para o organismo, e não são vistas com bons olhos por médicos e nutricionistas.

“Essas dietas são complicadas, pois as pessoas acham que fazendo isto vão perder peso logo. E realmente até perdem, mas se vão também nutrientes importantes para o corpo. Pois, a pessoa está perdendo líquidos, massa magra (músculos), proteínas musculares, que são importantes”, explicou a nutricionista Aline Vian Antunes.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 300 milhões de adultos no mundo intero enfrentam problemas para alcançar o peso ideal. Não é por acaso que muitas pessoas se arriscam nas dietas milagrosas.


Na moda
Uma das dietas do momento é da papinha de bebê. É isto mesmo, não estamos malucos. São aquelas papinhas em potinhos encontradas nos supermercados para crianças que estão na fase de largar da amamentação no peito e começar a ingerir alimentos. O regime começou entre as atrizes hollywoodianas e virou febre em todo o mundo.

Para segui-la é bem simples, basta consumir 14 potinhos de papinha de bebê por dia e fazer uma janta com outros tipos de alimentos, que sejam pouco calóricos. Conforme Aline, o produto possui nutrientes que são específicos para bebês e não para uma pessoa adulta. Por isso, não alcança a quantidade e a qualidade nutricional correta.

“Na verdade, estes são alimentos bem calóricos, porque são para bebês. Não sendo uma dieta equilibrada”, complementou a nutricionista. Além disso, existe a necessidade de uma refeição à noite, momento que o corpo está descansando, e não é recomendável uma grande refeição. A especialista não acredita nos bons resultados deste procedimento.

Sobre esta outra dieta, com certeza, você ouviu falar: a ração humana. Uma mistura de diferentes tipos de ingredientes ricos em fibras como cereais integrais e sementes, que deve ser substituída por uma refeição. “São nutrientes importantes, como soja em pó, farelo de trigo e de aveia. Sementes que possuem colesterol bom e ômegas, mas em excesso engordam”, alertou Antunes.

O indicado, conforme a especialista, é a ingestão de três colheres da ração humana por dia. “No café da manhã, a pessoa pode consumir com uma batida ou suco. Esta quantidade já está incluída na dieta, o café não vai ser muito mais que isto”, ressaltou Aline. Pois, é preciso reduzir a quantidade de alimentos para que a ração faça realmente o efeito desejado, que é o de emagrecer.

O alto teor de fibras ajuda no funcionamento do intestino, fazendo também com que a pessoa demore mais a sentir fome. A ingestão de água auxilia a fazer com que o intestino funcione de forma mais adequada. As pessoas com diabetes e pressão alta devem tomar cuidado, pois o produto contém substância como pó de cacau e guaraná, perigosas para quem tem estas doenças.

Prejuízos
Ainda falta para maioria destas dietas milagrosas uma comprovação cientifica. Pois, ao contrário do que prometem, em alguns casos, representam riscos a saúde. Entre os prejuízos causados estão: o aumento do colesterol, a perda de sais minerais e de massa muscular, e até mesmo a queda de pressão, fraqueza e tonturas pela ausência de nutrientes no organismo. Além de efeitos no comportamento causados pela fome, como irritação e dificuldades de concentração.

Mudanças pequenas e gradativas são mais recomendáveis, pois permitem que o cérebro se adapte ao novo peso. Uma dieta radical também tende a provocar o tão indesejado efeito sanfona. A nutricionista explica que embora façam emagrecer em curto prazo pela pouca quantidade de calorias, as pessoas não conseguem mantê-las por muito tempo e, na maioria das vezes, recuperam o que emagreceram.

Avaliação individual
Os diversos regimes da moda têm outro grande problema, que é o de não levar em conta as necessidades específicas de cada indivíduo. Cada metabolismo funciona de uma maneira diferente e, por isso, as dietas precisam ser individuais. Como exemplo, citamos o caso de obesos que comem pouco e ganham peso, e o contrário, magros que comem bastante e não engordam. Os pacientes que possuem diabetes, hipertensão, colesterol, também necessitam de dietas específicas.

Reeducação alimentar
Além destas dietas malucas não abrangerem todas as necessidades nutricionais diárias do nosso corpo, vão contra um dos princípios mais defendidos pelos profissionais da saúde: a necessidade de uma mudança de hábitos alimentares.

Pois, proteínas, carboidratos, vitaminas e até mesmo a gordura não devem ser abolidos completamente da alimentação. Assim, a única receita infalível para perder peso é uma alimentação balanceada, com a complementação de atividades físicas regulares.

Um detalhe que as pessoas devem se atentar é que nenhum alimento por si tem a capacidade de fazer uma pessoa emagrecer. Para perder peso, sem perder a saúde, é importante manter uma alimentação diversificada. Se decidir realizar uma mudança no cardápio, o melhor é consultar um especialista.

As quantidades determinadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são: 50 a 60% do Valor Calórico Total (VCT) com carboidratos (frutas, legumes, pães, batata, macarrão, bolacha e farinhas), 10 a 15% do VCT com proteínas (feijão, soja, ervilha, carnes, ovos, leites e seus derivados) e 20 a 25% do VCT com gorduras (manteigas, azeites, creme de leite e frituras em geral).

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