terça-feira, 14 de setembro de 2010

Paixão é o que leva o negócio ao sucesso

Obs: matéria publicada na Revista Radar de agosto de 2010. 


Na hora de escolher uma profissão são muitos os motivos que fazem optar por uma ou outra área de atuação. Muitos escolhem aquela que lhes trará mais retorno financeiro ou mesmo apenas agarram as oportunidades. Mas, o que os especialistas dizem, é que para o negócio realmente dar certo e a pessoa ser feliz na profissão escolhida, é preciso amar o que faz. Para ter prazer enquanto trabalha e realmente alcançar uma satisfação também dos clientes.  

Ser realmente apaixonado pela atividade profissional, segundo a psicóloga Lilian Hauschild, traz resultados positivos. “Uma pessoa que ama o que faz, com certeza, produz mais que aquele que faz apenas pela necessidade. Pois, a pessoa tem um estimulo maior e acaba se dedicando aquilo com o que se identifica”, explicou a psicóloga Lilian. Porém, o mercado atual exige muitas horas de dedicação e a quantidade de pessoas dispostas a conquistas um espaço são muitas. O que faz com que o profissional não pense somente naquilo que gosta de fazer, mas sim em produzir mais que o colega.

Sendo assim, o que incentiva as pessoas a e dedicarem ao trabalho, nestes casos, é a competição.  “Acredito que muitas pessoas fazem isto por uma competição e esquecem que a competição maior vem a ser aquela, que a pessoa deveria ter consigo mesma. No sentido de ser melhor a cada dia que passa”, pontuou a profissional. Segundo a psicóloga, esta competição pode se tornar uma neurose, deixando as pessoas obsessivas.


Além disso, Lilian também citou outro tipo de pessoas que passam a encarar o trabalho como tudo na vida. “Como há aquelas que amam o que fazem, também existem pessoas que estão fugindo de um problema que possuí em outra área, alguma carência. Então, acaba se dedicando somente ao trabalho, como uma forma de fugir do problema”, expôs a psicóloga.  Isso também se torna um problema, pois a pessoa passa a se dedicar ao trabalho não porque gosta, mas porque não quer encarar seus problemas.

De qualquer forma, o profissional que ama aquilo que faz e busca seus objetivos, tem como uma de suas características o espírito empreendedor.  “Assim como em diversos tipos de trabalhos têm aquela pessoa que chefia, que é um líder. E, são profissionais que se sobressaem neste sentido. Como também, existem outras que tem a necessidade de que os outros digam o que fazer”, ressaltou Hauschild. Trata-se da característica de cada um. Da mesma forma, que existem pessoas que logo conhecem o que querem, conhecem a sua aptidão. Outras ficam por bastante tempo em dúvida.

Lilian cita a diversidade de frentes de trabalho como uma das grandes dificuldades de escolha da profissão, principalmente pelos jovens, que precisam encarar muito cedo o caminho que quer seguir. “Muitas vezes eles não têm a maturidade e, neste sentido, a psicologia pode ajudar muito nesta escolha”, comentou Hauschild. Por isso, os testes vocacionais podem ser muito importantes, para os que ainda têm dúvidas. Já aqueles que tem certeza de sua paixão, o negócio é investir.

Temos alguns exemplos de pessoas, das quais as escolhas que fizeram ao longo da vida, as levaram a profissão que queriam seguir, em alguns casos, até mesmo por acaso. E que a força que move a paixão que eles têm pela profissão escolhida, fez com que acreditassem e apostassem na suas habilidades, investindo em um negócio próprio. Tornando as suas atividades em um prazer, da qual a maior recompensa não é a financeira, mas o reconhecimento que obtiveram da comunidade.

A escolha certa
Para a cabeleireira, esteticista facial e depiladora Marceli Leonardt Konrat a escolha da profissão e a posterior paixão por ela, surgiu pela insistência dos familiares há cerca de 6 anos. “Sempre gostei muito de arrumar as minhas unhas. Percebendo isto, a tia do meu marido Gilmar que estava fazendo aulas no Senac em Lajeado, viu que as inscrições estavam abertas para o curso de manicure”, contou. Assim, ambos começaram a insistir para que ela fizesse o curso. “Eu dizia que não, porque nunca trabalharia em salão e achava que nunca teria uma boa renda com este trabalho. Mas, acabei indo fazer”, destacou Marceli.  Atualmente ela  é proprietária do Salão Vusual, localizado no Bairro Languiru, em Teutônia.

Desta forma, o curso de manicure que a levou por este caminho. Pois, no andamento da aprendizagem, abriram as vagas para cabeleireira e ela aproveitou o embalo. “Chegando lá, vi que podia conhecer outras áreas, como as de cortes de cabelo. Tanto que atualmente não faço unhas, mas corto cabelos. Fui me apaixonando pela profissão e ao finalizar os cursos já tinha meu salão de beleza montado. As coisas foram tudo tão andando ao natural, que era para ser”, destacou ela.  Marceli que trabalhava como cobradora e crediarista de uma loja, nunca havia pensado em ter um negócio próprio. 

“Antes de encontrar algo que realmente gostasse de fazer, não tinha um foco. Ao terminar o 2º grau, muitos dos meus colegas ingressaram na faculdade, mas eu não sabia o que queria”, revelou. Depois de escolher, ela teve um pouco de medo de abrir seu salão, porque estava ciente de que teria de pagar aluguel, as contas de luz, água e telefone, além de obter um salário. “Com certeza, sempre me preocupei bastante, mas passei a ter certeza daquilo que queria e que conseguiria atingir meus objetivos”, complementou a cabeleireira. Uma prova disso são as três reformas que já conseguiu fazer em seu estabelecimento, sempre no sentido de ampliar mais o espaço para atender os clientes. Como também, os diversos cursos de aperfeiçoamento que busca fazer.

Agora, Marceli não tem mais dúvidas daquilo que quer e não se imagina em outra atividade. “Nunca quis mudar de profissão, pois tudo que conquistei me dá as certezas que preciso”, pontuou. Segundo ela, o amor pela profissão e a dedicação que dispõe para tanto, nunca atrapalhou sua vida pessoal. “Com paixão é muito mais fácil e divertido. Tudo vem ao teu encontro, não precisa correr atrás. Se a pessoa ama aquilo que faz, as coisas surgem no momento certo”, destacou ela.

Marceli acredita que para o negócio próprio dar certo, é necessário exatamente isso, amar a profissão.  “Precisa ter muita força de vontade e saber aquilo que quer. Esse amor a profissão é ver as pessoas felizes, se satisfazer com o reconhecimento das pessoas. Descobri como poderia ajudar as pessoas, trabalhei muito para isso e fico feliz com o reconhecimento”, ressaltou.  

Oportunidade que virou negócio
O sócio-proprietário da Concertel (Concertos de Eletrodomésticos Teutônia), Romeu Hamester, aproveitou a oportunidade que surgiu enquanto trabalhava em outra empresa, para criar seu próprio negócio e escolher sua profissão. Ele iniciou na área há 22 anos, quando começou a trabalhar na loja Certel. Existia a necessidade de atender clientes no pós- venda e,  para tanto, foi montado um Departamento de Assistência Técnica, que ele passou a gerenciar.   

Antes disso, segundo ele, não sabia qual profissão seguir. “Tinha várias dúvidas, mas me apaixonei pela área”, contou Romeu. Como colega de trabalho ele tinha Leori Jacó Leutze, que se tornou seu sócio no negócio.  Devido alguns conflitos de ordem estrutural, a Certel optou por vender a assistência técnica. Foi quando em 1999, ambos aceitaram este desafio e compraram o negócio. Durante estas etapas pelas quais passou, sempre teve certeza que era isso que queria e, mesmo diante das preocupações, a paixão pela profissão fez como que ele seguisse adiante.

“Desde o início, sempre tive muita preocupação e, ao mesmo tempo, muito planejamento. Pois, sabia que teria de gerenciar as despesas e pagar os funcionários. Mas também contei com a participação da família em todo o projeto, e a certeza de que daria certo por gostar do que faço”, expôs o empresário. A dedicação ao trabalho, conforme ele, nunca atrapalhou em outras áreas de sua vida, pois ele sempre soube conciliar.

“Hoje trabalhar no pós-venda é uma vocação. Tem que gostar muito de trabalhar diretamente com o cliente. Pois, cada momento é uma surpresa, um novo desafio. Uma constante cobrança de qualidade dos clientes e das empresas. Aqueles que não tem vocação, correm da briga”, comentou Hamester. Apesar do retorno que obteve, com o sucesso de seu negócio, uma das melhores respostas é aquele que vem dos clientes. “A minha maior alegria é a satisfação do cliente. Sempre vou buscar este objetivo de ter um retorno positivo. 100% não se consegue, mas é um desafio constante”, complementou Romeu.

Aprendizado que virou profissão
A fotógrafa Arlete Campos, sócia proprietária da Arte Produções em Teutônia, teve os seus primeiros contatos com a profissão quando tinha 17 anos, no seu primeiro emprego como atendente de loja de fotografia. “Ali surgiu a paixão, pelo contato. Antes disso, sempre percebi que gostava de artes. Fazia muito desenho com lápis grafite, desenhava flores e rostos. Ao invés de fotografar fazia o desenho”, contou Arlete. Depois que começou a fotografar e descobriu o prazer naquilo que fazia, parou de desenhar.  

Uma das grandes contribuições para sua escolha surgiu através deste único contato para a formação profissional que teve no trabalho. “Durante este processo tive a oportunidade de passar por todos os estágios, desde atendente até revelar fotos 3x4”, destacou a fotógrafa. Tudo isso fez com que ela fosse descobrindo uma nova possibilidade, que ela passou a gostar muito de se dedicar. “Este foi o ponto, pode se dizer, que nasceu a paixão. Em poder ver nascer a foto, através da revelação.  Momento no qual, podia controlar as tonalidades”, expôs.

Apesar de gostar de trabalhar na loja de fotos que lhe oportunizou o primeiro emprego, Arlete buscava concretizar seus sonhos. “Quando a pessoa tem algo que gosta de fazer, como ser humano a gente evolui e quer buscar novas conquistas. Por mais que a gente está bem, tua anseia em ter um negócio próprio, buscar os sonhos”, comentou.  A liberdade para fazer as coisas do seu jeito também a motivou a encarar o desafio de abrir o próprio estúdio fotográfico.

“Também queria conquistar o meu espaço e o reconhecimento pelo meu trabalho”, ressaltou. Esta paixão e determinação, segundo ela, fizeram com que ela pudesse atingir estas e muitas outras metas. “Sai com pouco dinheiro de Estrela, mas minha irmã e meu cunhado, que são meus sócios, sonharam junto comigo e possibilitaram a concretização deste sonho”, contou Arlete. Ele ainda acrescenta que seguindo por este caminho de realmente fazer o que gosta, não tem como dar errado, mesmo diante das dificuldades.

“Se tu vai abrir um negócio com pouco dinheiro e não obter retorno logo, a pessoa acaba desistindo. Agora, se tu gosta do que faz muitas destas coisas não importam. A parte boa é que fui muito bem recebida em Teutônia, até mesmo porque trouxe coisas novas no ramo para a cidade. As pessoas passaram a gostar do meu trabalho e tive um reconhecimento, o que é melhor que o pagamento. Ver a satisfação das pessoas com o trabalho que desenvolvi e escutar delas que gostaram não tem preço”, pontuou.

A profissão nunca atrapalhou em sua vida pessoal, conforme ela, inclusive a alavancou para conquistar novos espaços. Tanto que está podendo cursar uma faculdade de Publicidade e Propaganda, além de buscar todo tipo de aperfeiçoamento profissional. “O lado mais apaixonante da fotografia é mexer com a emoção de poder viver os momentos com casais, mamães, entre outros”, destacou. E aproveita para aconselhar que as pessoas se dediquem às suas paixões, porque as possibilidades de dar certo são muito maiores. 

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