quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Comportamento infantil: a base para um crescimento saudável está na infância

OBS: matéria produzida para revista Radar em 2009.

O ato de ser pai e mãe apresenta vários desafios, principalmente para os “marinheiros de primeira viagem”. As mudanças e situações diferentes a serem enfrentadas são grandes e, na maioria das vezes, bastante complexas. Ainda mais no mundo de hoje, no qual vemos tanta violência, com jovens seguindo por caminhos errados. Porém, o que devemos saber é que estes desvios podem ser evitados com cuidados na infância. Pois, tudo o que acontece entre do 0 aos 7 anos irá repercutir na vida adulta.

Segundo a psicóloga escolar Mariela Dexheimer Ruschel, que atua junto a escolas de educação infantil em Teutônia e Lajeado, a base da personalidade de uma pessoa é formada até os sete anos. “Por isso, a educação infantil é a base de tudo”, completou ela. Já aquela personalidade enraizada, que não teria mais mudança até os 18 anos. Desta forma, muita coisa pode ser feita neste primeiro período de vida para que aconteça um crescimento saudável e que não tragam conseqüências no futuro.

“Conseguimos perceber se a pessoa não está seguindo um caminho legal, que não é saudável e adequado já na infância. E, é neste momento, através de orientações aos pais, mudanças no comportamento dos pais com relação a criança, que conseguimos mudar o desenvolvimento dela”, expôs Mariela. A psicóloga escolar explica que isso ocorre, porque é mais fácil trabalhar o comportamento das crianças do que de adultos. “Os adultos já tem as neuroses enraizadas, problemas nos quais convivem a muito tempo. As crianças estão começando a vivenciar o mundo”, destacou ela. Nos pequeninos com algumas mudanças, em questões de dias estes comportamentos indesejáveis desaparecem.

Todas estas etapas da primeira fase da vida, desde o nascimento, devem ser de um bom vinculo com a mãe, algo saudável, para que na fase adulta não apareçam sérias perturbações emocionais e psicológicas, como psicopatias e esquizofrenias. Esses comportamentos errados podem ser percebidos na criança quando ela foge das regras e combinações. “Como, por exemplo, a combinação feita com as professoras de que ninguém vai correr e tem aquela criança que vai lá e corre. O divertimento é desobedecer, é passar na frente dos outros”, destacou a psicóloga. Para modificar isto, é necessário mudar a estrutura familiar, modificar o ambiente daquela criança.

Adaptação na escola – Outra grande dificuldade enfrentada por muitos pais está no momento de integrar a criança em uma escola de educação infantil. Na adaptação dos pequeninos em um novo ambiente. Conforme explica a psicóloga Mariela, a idade também influência neste fator. “Quanto menor mais fácil da criança se adaptar, quanto mais idade esta dificuldade irá aumentando. Pois, ela se vincula de uma maneira mais forte a família, já traz algumas manias”, explicou ela. Ainda pode dificultar a adaptação: a falta de horários e uma rotina organizada com tarefas preestabelecidas.

No entanto, tudo isto será determinado em função do bem estar dos pais. “Se o pai e a mãe estão muito cientes e muito tranqüilos que aquele é o momento certo de colocar na escola, a criança se adapta de uma maneira. Se a mãe está insegura, chorando, com dúvidas, ansiosa, a gente vê muito na reação das crianças”, destacou a psicóloga. Desta forma, a criança ira reagir de maneira melhor ou pior, segundo a situação emocional dos pais.

Mordida – Muitos pais começam a ficar preocupados, por exemplo, quando começam a surgir reclamações em função de mordidas em coleguinhas da escola. Segundo Mariela, a mordida faz parte das reações de uma faixa etária. “Esta é chamada de fase oral, porque tudo o que explora é através da boca. O morder nesta fase, antes de eles falarem, significa uma forma de eles se comunicarem, de se expressarem, de se defenderem. Ela não é uma coisa agressiva ou ruim”, ressaltou ela. Porém, isto é aceitável que aconteça até o três anos de idade.

Depois desta idade, se isso persistir ou se intensificar, é importante procurar a ajuda de um profissional. “Por que daí esta mordida está representando alguma coisa. Geralmente se nota que eles voltam a morder em uma idade que não é normal, em função de algumas mudanças significativas na vida dela. Como a separação dos pais, brigas em casa, alguma desestrutura familiar, a morte de alguém, as vezes, até mesmo de um bichinho”, explicou.  Em muitos dos casos, as crianças acabam mordendo, em função de saberem falar ou expressar o sentimento através da fala, demonstrando através do comportamento que algo não vai bem.

“Em todo o processo de aprendizado até os sete anos é imprescindível a participação dos pais. Pois, neste período a criança é um reflexo dos pais. Se conseguimos realizar mudanças nos hábitos dos pais, vemos mudanças nas crianças”, finalizou Mariela.

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