quinta-feira, 30 de junho de 2011

Artesanato


O ofício de confeccionar vassouras de palhas artesanalmente

Westfália – Os primeiros artesãos surgiram da necessidade das famílias de agricultores de produzires seus próprios instrumentos de trabalho. Isso ainda acontece em muitas propriedades rurais do interior. Porém, no caso de Dalírio Post, 59 anos, morador de Linha Frank, no interior de Westfália, esse tipo de trabalho significa renda para sua família.

Há cerca de 40 anos confeccionando vassouras, ele consegue sustentar sua família com este trabalho. Inclusive, um dos seus últimos investimentos foi a ampliação de sua residência, que atualmente abriga, além dele, a companheira Simone Accadrolli, 44 anos, e o filho dela de 12 anos. “Até o momento 100% da nossa renda vem das vassouras, mas estamos pensando também em investir em outras alternativas”, comentou Dalírio.

Embora seja considerado um trabalho artesanal, a família trabalha com o talão de produtor rural, em função também de plantarem uma parte da matéria prima principal para a produção das vassouras. “Porém, cerca de 70% da palha é comprada de outras pessoas. Este ano, conseguimos colher um pouco mais e esta porcentagem foi menor”, pontuou.

A plantação da propriedade ocupa cerca de três hectares e é feita no mesmo período do milho. Segundo ele, é possível fazer de 700 a 800 vassouras por hectare plantado e incentiva mais pessoas investirem na produção de palha. “Sempre tem pessoas interessadas em comprar”, destacou. As sementes são retiradas das palhas em uma máquina caseira, antes destas serem postas no sol para secar – o que leva cerca de dois dias no verão. Depois, são guardadas para serem plantadas no período certo.

Além de grande parte da palha, os cabos de madeira também são comprados, mas não interferem tanto na margem de lucro. “Se compramos a palha, o lucro é de cerca de 40%, mas se utilizamos a que plantamos sobe para 80%”, explica. Ele também destaca que todo o processo é demorado e artesanal, porque as palhas também precisam ser colhidas à mão.

Produção
A oficina instalada em um galpão ao lado da casa é onde o casal, geralmente na parte da manhã, amarra as palhas para montar o produto. Em média, eles conseguem produzir de 15 a 20 vassouras por dia. Na parte da tarde, ele percorre diversas cidades da região para vender suas vassouras. “Duvido que alguém tenha caminhado tantos quilômetros quanto eu”, brinca ele, que já sente cansaço e dores nas pernas em função da idade.

Entre os municípios que fazem parte da rota dele estão: Imigrante, Colinas, Lajeado, Salvador do Sul, Bom Retiro e Paverama. “Também envio encomendas para os supermercados de Porto Alegre”, completou. As encomendas são tantas que em alguns momentos eles precisam trabalhar noite à dentro para conseguir terminar os pedidos.

A esposa não sai para vender, mas fica em casa realizando as tarefas rotineiras e se sobra tempo confecciona mais vassouras. Para Dalírio, a companheira tem sido essencial para continuar este trabalho. “Ela tem sido muito importante para poder confeccionar as vassouras. Sem a ajuda dela as coisas não seriam as mesmas”, ressalta ele. Natural de Boa Vista do Sul, Simone trabalhava como faxineira e há três anos ajuda Dalírio neste serviço. “Qualquer serviço é bom, mas gosto muito deste”, revela Accadrolli.

Há sete meses ele contava com um veículo próprio para levar as vassouras para vender em cada um desses municípios, mas sofreu um acidente e perdeu o carro. Agora o ônibus que passa próximo a sua residência tem sido seu meio de transporte. Em alguns casos, os compradores buscam de caminhão ou caminhonete a mercadoria. “Temos diversos clientes fixos”, expôs.

Mesmo com a grande concorrência das vassouras de plástico e produzidas industrialmente, Dalírio aposta na qualidade de seu produto. “É um produto artesanal e são as melhores. Os meus fregueses também acham. Pois, mesmo como preço mais elevado, muitos ainda preferem adquirir as vassouras de palha”, ressaltou.

Continuação
O ofício que aprendeu com o avô, por enquanto não tem sucessores. Segundo Simone, o único filho que ainda mora com eles, está estudando e deve seguir outra profissão. Mas, este trabalho continua sendo o prazer de Dalírio. “Meu avô sempre fazia para o consumo em casa. Gostava muito de ajudar ele a fazer vassouras. Atualmente, se passo um dia sem lidar com este serviço, não me sinto satisfeito. É algo que gosto de fazer”, finalizou Post.

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